Arqueologia digital: Como ler dados da internet para encontrar tensões culturais
E um exemplo prático usando o mercado de creators brasileiros em pleno 2025
Tem dias que o mundinho online sofre do mesmo mal estético da arquitetura corporativa paulistana. Parece que a internet meio que virou um bando de prédio espelhado. Acessamos conglomerados de redes sociais no modo automático, com geral entrando no elevador do feed sem olhar pra cara de ninguém, e com um monte de anúncio pipocando na sua timeline como aqueles panfletos que entregam na porta do metrô. Se chorastes compartilha.
E isso é dificílimo pra uma pessoa como eu. Logo eu, que aprendi HTML e CSS com 12 anos na raça pra fazer cabeçalho de blog cheio de gif ridículo de fadinha piscando. Eu, que fui uma adolescente que ia na lan house pra jogar Age of Empires 2 com obviamente o império asteca. Enfim, eu amo demais a internet pra ver ela virando a Vila Olímpia digitalizada. Tem dias que dá uma certa saudade daqueles tempos mais simples de Orkut, com mais espaço pra webamizades.
Mas no fim eu sei que essa sensação é só uma visão embaçada. Isso de “virou tudo prédio espelhado” é só fruto do excesso. Por baixo da crise estética e dos algoritmos, ainda tem muita vida e muita coisa maneira rolando. É só questão de encontrar o TikTok certo que vai fazer você rir alto na sala de espera do endocrinologista, ou o Substack que vai render 3 rodas de conversa com os amigos no bar, ou então aquele episódio de podcast que vai te levar direto pra terapia. Todos esses conteúdos estão por aí perdidos no meio de um sem fim de coisas.
Por isso, uma metáfora muito mais gostosa e instigante é de pensar na internet como se ela fosse campo de arqueologia. Não tem como negar que todos os dias milhões de pessoas deixam rastros digitais por aqui: comentários randoms, posts de madrugada, reacts num canal da twitch de alguém vestido de elfo, buscas altamente esquisitas, cliques que contam histórias. E tudo isso ta aí pra ser escutado e lido. Dá pra encontrar padrão e criar coisas geniais em cima. “Insight” que chama.
Daí que minha versão adulta e publicitária de hoje em dia tem uma certa pena (ou talvez seja só FOMO mesmo) de ver tudo isso se perder em relatórios de métricas rasas do tipo “taxa de engajamento”, “alcance orgânico” ou VTR. Quando eu olho pro mercado de publicidade e marketing, a maioria de nós não está realmente lendo os dados. Estamos só contando números e criando benchmarks.
Uma pessoa posta algo original, outras 500 remixam sem dar crédito, e os dados vão perdendo qualidade no processo. Fica barulhento e trabalhoso, mas longe de ser impossível separar o que tem valor do que é só ruído. O negócio é saber navegar esse mar de informação, saber ser curador. E eu vou mostrar como, claro. Não como uma resposta definitiva, mas como ao menos uma boa e modesta tentativa.
O problema das palavras esgarçadas
A gente vai ter que fazer uma pausa pra tecla sap de palavras. É que o excesso de discussão no Twitter fez a gente ficar cansado de basicamente qualquer assunto. Tipo, qualquer um mesmo (e eu vou culpar o Twitter só porque ele não está mais aqui para se defender).
A gente esgarçou tudo quanto é palavra. Comunidade, por exemplo. Todo mundo fala em comunidade, mas para cada pessoa é uma coisa completamente diferente. Trend. Tudo é trend, nada é trend, ninguém sabe mais o que diabos é trend. Esses dias fui júri do TikTok Ad Awards e a gente passou uns bons 15 minutos numa sala de reunião discutindo sequer o que é uma trend. Profissionais de marketing, gente. Discutindo semântica básica.
O primeiro ponto para curar informação é entender que nem tudo está no mesmo saco. Não me parece justo categorizar a internet e tudo que acontece nela com um mesmo peso e mesma medida. Por isso, desenvolvi um framework para separar as diferentes velocidades da cultura digital.
Nem tudo que acontece na internet tem a mesma importância, duração, ou exige a mesma resposta estratégica. Esse framework valoriza duas métricas simples: velocidade (com que rapidez algo se espalha e se replica) e persistência (quanto tempo um assunto permanece relevante). Você obviamente pode escolher outras formas de categorizar, vivemos em um país livre.
As três velocidades da cultura digital
Momentos (1 a 7 dias) — Assuntos que surgem e morrem numa velocidade absurda. São aqueles fenômenos que dominam sua timeline por alguns dias e depois evaporam como se nunca tivessem existido. Tipo aquela vez que a Camila Fremder foi no podcast errado, ou quando o Cazé narrou “Encara elaaaaa” nas Olimpíadas. Todo mundo vai lá e faz piada coletivamente, e depois acaba. Momentos são úteis pra entender o humor do instante, pra criar conteúdo oportuno, surfar ondas de atenção enquanto elas existem. Mas olha, não dá pra construir estratégia de longo prazo em cima disso. Se você é marca que só olha pro momento, você tem sérios riscos de ficar chato. Se você é creator, o risco é de perder a sua própria voz no jogo da atenção. Momentos podem durar mais? Podem, mas você vê que o pico é muito rápido e que na mesma velocidade que sobe, desce.
Sinais (7 dias a 1 ano) — Agora sim, aqui mora o ouro. Conversas recorrentes, novos comportamentos, mudanças estruturais que você consegue ver acontecendo em tempo real. Tipo essa onda de que agora as pessoas viajam para dormir, no popular turismo do sono. Não é uma notícia de um dia, é um comportamento que você vê acontecer repetidamente ao longo de meses, com pessoas diferentes. Trazendo o Cazé de novo, é quando aquele áudio “você tá falando da elite” passou a ser usado por meses pelas pessoas, ou esse ano o “nothing beats a Jet2 Holiday”
Forças (+1 ano) — Movimentos tectônicos. Mudanças estruturais profundas que redefinem como as coisas funcionam. Inteligência artificial é uma força, a pandemia foi uma força. Depois que essas coisas acontecem, a coisa muda. São transformações que você não surfa: você se adapta a elas ou fica pra trás assistindo todo mundo passar. Simples assim.
Nos três casos, a sacada tá em saber ler as informações dispersas e agrupá-las em padrões coerentes. Quando você junta várias trends/sinais que parecem isolados e encontra o fio invisível que conecta eles, você descobre uma tensão cultural. E tensões culturais são onde vivem as melhores oportunidades estratégicas (e os insights que realmente valem alguma coisa).
Mas tem um problema meio óbvio: pra fazer esse tipo de leitura, você precisa de volume. Precisa ler muito, de fontes variadas, conseguir comparar narrativas, identificar recorrências entre publicações que nem se conhecem. É humanamente impossível fazer isso manualmente na escala necessária pra ter confiança estatística. A não ser que você use algum tipo de tecnologia pra escalar sua capacidade de curadoria. Opa, pera lá!
Curadoria em escala: como transformar 10.000 artigos por semana em inteligência cultural
Foi pensando nisso que criei um sisteminha que combina duas ferramentas: Inoreader e MCP. Primeiro, o Inoreader: é basicamente uma plataforma que permite você conectar newsletters, substacks, reddits, sites, podcasts, canais do YouTube. Tudo organizado e filtrado num lugar só. É tipo ter uma biblioteca pessoal da internet que se atualiza sozinha enquanto você dorme. Você escolhe suas fontes, organiza em pastas temáticas e recebe tudo num feed unificado. É o oposto completo da timeline algorítmica que decide o que você vai ver. Aqui, você decide o que entra. É delicioso.
Mas mesmo curando bem suas fontes, você ainda acaba com centenas de artigos por semana. Ler tudo manualmente é completamente inviável a não ser que você não tenha emprego, vida social, ou necessidade de dormir. É aí que entra o MCP — Model Context Protocol. Uma tecnologia criada pela Anthropic que permite que IAs conversem com outras ferramentas e serviços. Com MCP, a IA pode acessar suas ferramentas, ler seus arquivos, consultar suas bases de dados, e vasculhar seu Inoreader.
A IA deixa de ser uma ilha isolada que só responde perguntas e vira parte integrada do seu fluxo de trabalho. No meu caso, juntando os dois, eu construí um MCP para o Inoreader que conecta meu feed diretamente ao Claude. Isso significa que o meu Claude consegue:
Listar todos os feeds que estou acompanhando
Ler artigos não lidos (centenas deles, se necessário)
Buscar por palavras-chave específicas em centenas de fontes simultaneamente
Resumir tendências e padrões entre múltiplas publicações
Marcar artigos como lidos depois de processá-los (pra eu não perder o controle)
Na prática, é tipo ter um assistente de pesquisa extremamente eficiente que lê 10.000 artigos por semana, organiza tudo por temas, identifica padrões recorrentes, e me entrega só o que eu peço. Eu alimento o sistema com fontes de qualidade (a parte que não dá pra automatizar), e ele me ajuda a transformar ruído em sinal.
Exemplo: se eu quero entender o que tá rolando no mercado de creators brasileiros, eu peço pro Claude analisar todos os artigos sobre o tema dos últimos 3 meses que vieram das minhas fontes curadas. Ele processa tudo, identifica temas recorrentes, e me mostra os padrões que se repetem. Em 10 minutos eu tenho uma visão panorâmica que levaria literalmente dias pra construir manualmente.
E é ótimo porque se você solta o Claude na internet livremente, ele vai ler qualquer site sem checar direito e correr o risco de alucinar. Mas com o Inoreader, ele sabe bonitinho o que fazer. Essa ferramenta me permite fazer exatamente o que defendo no começo deste texto: ler a internet como arqueologia, encontrar padrões invisíveis a olho nu, conectar pontos que estão dispersos em lugares completamente diferentes, transformar dados brutos em insights culturais que realmente significam alguma coisa.Quer ver como isso funciona na prática? (Porque hipótese sem dados é só opinião chique, né.)
Um exemplo prático: mapeando uma tensão cultural
Vamos pensar numa tensão específica no mercado de criadores de conteúdo brasileiros em 2025, afinal eu trabalho com isso então bora. Uma tensão que tá ficando cada vez mais óbvia conforme os avanços tecnológicos acontecem e os algoritmos das redes sociais ficam cada vez mais... digamos, caprichosos. Pedi pro meu assistente de IA (vulgo: Claude conectado ao meu Inoreader) analisar tudo que tá acontecendo. Ele processou publicações do Meio & Mensagem, Propmark, Terra, Exame, YouPIX além de newsletters especializadas e discussões em comunidades de nicho. E me trouxe cinco sinais recorrentes que, quando você coloca lado a lado, contam uma história bem específica:
Os 5 sinais
Sinal 1: Creators estão migrando para modelos de assinatura/comunidade própria
Cada vez mais creators brasileiros estão tirando sua audiência das plataformas grandes e levando pra espaços menores e fechados. Substack, Discord, grupos de WhatsApp, canais pagos no Telegram. O padrão é sempre o mesmo: “Construí uma audiência gigante no Instagram/YouTube com anos de trabalho gratuito, agora quero monetizar de forma sustentável sem depender de algoritmo maluco que muda da noite pro dia”.
Sinal 2: Ferramentas de “creator stack” estão explodindo
Toda semana surge uma ferramenta nova vendendo “simplifique sua vida” como se fosse a solução definitiva pra todos os seus problemas de produtividade e criação de conteúdo. Notion pra planejar conteúdo, CapCut pra editar, Canva pra criar thumbnails que convertem, Linktree/Beacons pra bio organizada, Hotmart/Edduz pra vender curso, ContaAzul/Emitte pra emitir nota fiscal porque agora você é PJ.
O paradoxo (e aqui é onde fica meio tragicômico): ferramentas que deveriam simplificar estão criando mais complexidade. Porque cada uma resolve uma dor específica super bem, mas juntas viram um emaranhado caótico de plataformas, 47 logins diferentes, integrações que não conversam entre si, e custos recorrentes que somados dão mais que um aluguel em bairro nobre. Resultado: creator passa mais tempo gerenciando ferramentas do que criando conteúdo. A ironia não poderia ser mais perfeita.
Sinal 3: Creators menores estão tentando terceirizar operação (editors, social media managers, VAs)
Tá crescendo o mercado de “editor pra creator” e “social media freelancer especializado em creators”. Não é novidade que grandes influencers tipo Whindersson tenham equipe inteira. A novidade é ver micro e mid-tier creators (aquela faixa de 20k-200k seguidores) começando a terceirizar edição, gestão de redes sociais, parte financeira. Eles perceberam que passar 60% do tempo editando vídeo e 30% do tempo respondendo DM deixa só 10% pra realmente criar.
Sinal #4: Aumento de burnout e conversas sobre saúde mental
Cada vez mais creators falando abertamente sobre exaustão, ansiedade, síndrome do impostor. E não é mais aquela narrativa de “mimimi de influencer privilegiado”: é reconhecimento coletivo de que o modelo “poste todo dia sem parar senão o algoritmo te esquece e você morre profissionalmente” é estruturalmente insustentável.
Sinal #5: Marcas tendo dificuldade operacional de escalar parcerias com micro creators
As marcas querem muito trabalhar com micro creators porque os dados mostram melhor engajamento real, mais autenticidade percebida, custo mais acessível. Faz todo sentido estratégico. O problema é que operacionalmente é um pesadelo kafkiano. Negociar com 50 micro creators diferentes é literalmente 50 vezes mais trabalho que negociar com 1 macro influencer que tem agente e contrato padronizado.
E do lado do creator? Muitos simplesmente não respondem emails de marca, ou demoram semanas pra responder, não porque não querem trabalhar, mas porque estão ocupados demais criando conteúdo, editando vídeo, gerenciando comunidade, emitindo nota fiscal, fazendo relatório da última campanha, tentando entender por que o CPM caiu 40% esse mês.
A tensão revelada
Quando você coloca esses cinco sinais lado a lado e olha com atenção, a tensão fica brutalmente nítida: Creators precisam virar empresas complexas pra sobreviver, mas não têm infraestrutura, capital inicial, ou know-how operacional pra gerenciar empresas de verdade.
É um paradoxo que beira o absurdo. Olha só o que o sucesso como creator exige hoje em dia:
Criar conteúdo consistente e autêntico (habilidade criativa + técnica)
Gerenciar comunidade engajada (habilidade de relacionamento + moderação)
Negociar com marcas e fechar parcerias (habilidade comercial + jurídica)
Emitir nota fiscal, pagar impostos, gerenciar fluxo de caixa (habilidade contábil)
Planejar estratégia de conteúdo de longo prazo (habilidade executiva + analítica)
Cuidar da própria saúde mental no processo (habilidade... de sobrevivência?)
Resumindo de forma bem direta: o creator precisa ser simultaneamente artista, community manager, vendedor, contador, CEO e terapeuta pessoal. Tudo ao mesmo tempo. Leia isso de novo devagar. Conta quantas profissões diferentes você achou. Agora me diz: qual dessas o creator estudou formalmente? E se ele crescer um pouco? Aí precisa virar RH também, porque agora contrata freelancers e precisa gerenciar gente. Isso é objetivamente insano. E o pior de tudo: o mercado inteiro tá ativamente empurrando os creators nessa direção. As plataformas incentivam volume absurdo, as marcas exigem profissionalização completa, a audiência demanda autenticidade constante.Resultado prático: os creators estão no meio de um cabo de guerra psicológico onde literalmente todo mundo puxa pra um lado diferente, e eles precisam segurar a corda sozinhos. Sem manual de instrução. Sem seguro. Só ele, a corda, e a conta bancária esperando decidir qual lado soltar primeiro.
As oportunidades estratégicas (ou: bora torar ideia com isso)
Aqui é onde fica interessante. Porque toda tensão cultural gera oportunidades. E essa é GIGANTE.
Se você é uma MARCA
Você está do lado da demanda. Você quer trabalhar com creators, mas está encontrando fricção. Como transformar essa tensão em vantagem competitiva?
1. Ofereça “Brand partnership kits” prontosEm vez de pedir para o creator fazer proposta comercial, você envia um kit com tudo pronto: briefing claro, escopo detalhado, valores definidos, contrato padrão, nota fiscal antecipada. O creator só precisa dizer “sim” ou “não”. Zero fricção operacional. Você se diferencia imediatamente de 90% das marcas que mandam aquele “oi, vamos fazer uma parceria?” genérico e esperam o creator fazer todo o trabalho de estruturação.
2. Crie um “Creator success team” interno
Uma pessoa (ou time pequeno) dedicada a facilitar a vida dos creators com quem você trabalha. Essa pessoa responde rápido, resolve problema, paga em dia, dá feedback construtivo, entende as dores operacionais. Creators vão AMAR trabalhar com você. E vão falar disso. E outros creators vão querer trabalhar com você. Você vira “a marca boa de trabalhar”: um diferencial competitivo imenso quando todo mundo está brigando pelo mesmo casting.
3. Pague por tempo, não só por postCrie modelos de retenção mensal onde o creator é “consultor de marca” além de produtor de conteúdo. Isso dá previsibilidade financeira real e permite que ele estruture melhor o próprio negócio. Brandship viável de verdade. É uma mudança estrutural no modelo de parceria. E quem implementar isso primeiro vai pegar os melhores creators.
Se você é um CREATOR:
Você está do lado da oferta. Você sente a tensão na pele todo dia. Como navegar esse paradoxo sem pirar?
1. Documente o caos antes de organizá-lo
Passe 1 semana registrando TUDO que você faz (não só criar conteúdo, mas responder DM, negociar marca, editar, postar, fazer financeiro). Depois agrupe em 3 categorias: (A) só eu posso fazer, (B) alguém pode fazer melhor que eu, (C) deveria automatizar. Ataque C primeiro, terceirize B aos poucos, proteja tempo para A. Você não precisa fazer tudo. Você precisa fazer o que só você faz bem.
2. Adote “seasons” como estratégia
Pare de tentar produzir infinitamente. Trabalhe em ciclos: 8 semanas ON (produção intensa, parcerias, comunidade ativa) + 2 semanas OFF (conteúdo no piloto automático, recarregar). Produtividade sustentável é melhor do que burnoutinho. Sua audiência prefere você vivo e criativo a exausto e medíocre.
3. Construa apenas 1 comunidade (bem feita)
Não tente estar em Discord + Substack + WhatsApp + Telegram ao mesmo tempo. Escolha UMA plataforma, faça bem feito, cobre se necessário. Comunidade pequena e engajada é melhor do que comunidade grande e fantasma. 100 pessoas que realmente se importam valem mais que 10.000 que só scrollam.
Considerações finais
Se você chegou até aqui, provavelmente tá sentindo essa tensão na própria pele. Seja como creator tentando desesperadamente equilibrar criação com operação sem pirar. Seja como marca tentando entender por que aquele micro creator incrível que você descobriu não respondeu seu email há 2 semanas (ele viu, juro, só tá sem tempo de respirar). A creator economy brasileira tá num ponto de inflexão bem específico. O modelo romântico “seja autêntico e poste todo dia que o sucesso vem” morreu. O modelo startup “vire uma empresa complexa com processos e KPIs” não serve pra 83% dos creators. Precisamos inventar o meio-termo urgente. E quem resolver isso primeiro, seja como produto, serviço, plataforma, ou metodologia, vai pegar uma onda absurdamente grande. Porque não estamos falando de nicho pequeno aqui. Estamos falando de centenas de milhares de pessoas no Brasil que escolheram autonomia criativa como caminho de vida e agora estão descobrindo na prática que autonomia sem infraestrutura adequada é só sobrecarga crônica. A pergunta não é se essa tensão vai ser resolvida, mas “por quem?”
Esse texto que você acabou de ler é um exemplo prático e completo de como eu uso o sistema que descrevi lá no começo. Ele usa duas ferramentas que eu criei: 1) o Inoreader MCP para captura de sinais, que está disponível no link gratuitamente (mas você vai ter que ter um claude e uma assinatura do inoreader) 2) a skill signal-to-tension para encontrar padrões e gerar insights (esse eu ainda não vou dar assim porque tudo tem limites). Isso tudo é feito no Claude, porque eu sou clauder e é sobre isso.
Mas a ferramenta é só ferramenta (óbvio). O que realmente importa é o olhar. É saber o que procurar. É entender que por baixo de todos esses prédios espelhados da internet corporativa, tem vida pulsando de verdade. Tem gente criando, se adaptando, tentando sobreviver. E se você souber ler os sinais com atenção, você encontra as tensões invisíveis. E nas tensões, você encontra as oportunidades reais. É isso que eu chamo de arqueologia digital.






pois eu tô assinando esse inoreader nesse exato momento